Perguntas, Respostas: Iryna Leblon

Oi, Iryna! Pode começar nos contando algo que você acredita que te define bem para quem não te conhece? Uma característica, um hobby, uma frase…

“Celebrate the idea that you don't fit in. Find your own fit. Stay unique.” Essa frase da Betsey Johnson traduz bem os riscos que precisei correr, tanto pessoal quanto profissionalmente, para escapar das caixinhas em que tentam nos colocar todos os dias. Ela me lembra que cada pessoa enxerga o mundo de uma maneira única e também torna o que eu faço tão empolgante e ao mesmo tempo desafiador.

Pode me contar um pouco da sua trajetória no design?

O design sempre foi a única opção, e desde muito nova eu já estava criando imagens, seja fazendo colagens ou manipulando imagens digitalmente para meu blog no tumblr. Me formei em design na UFRJ e desde o início da graduação eu gostava de trabalhar temas que tinham a ver com a minha expressão queer e LGBTQIA+, relacionando com a cultura pop, e a partir dos meus interesses uma coisa foi levando à outra. Hoje, consigo integrar meu lado mais artístico com o projetual, atuando tanto com 3D quanto com product design.

O que é design para você?

Para mim, o design é ao mesmo tempo um processo metodológico e íntimo, construído através da bagagem de cada um e dialogando com as vivências no mundo. Acredito que é no processo criativo que cada bagagem pode se transformar em um ponto de partida, e a partir disso ideias são formadas. Mesmo assim, o imaginário do que é design foi moldado por um grupo específico e é muito importante ampliar a diversidade de pessoas que são chamadas para a conversa para que aí sim possamos expandir possibilidades de criação e sair da caixinha.

Tem algum trabalho no seu portfólio que você curtiu muito fazer e gostaria de nos contar sobre?

Assinei o design 3D de duas edições do festival SóTrackBoa, com direção de arte de Gabriel Gahesa. Como alguém que sempre teve a música como um dos maiores motores criativos, fazer algo para um festival foi a realização de um sonho antigo. O projeto unia elementos da nossa cultura a uma estética futurista, criando um ambiente pensado para milhares de pessoas celebrarem a música. Ver esse trabalho ganhar vida em larga escala, espalhado por todo o festival, metrôs e outdoors em diversos estados, foi muito significativo e um marco na minha carreira.

Pode compartilhar com a gente alguma referência ou algo que você curta muito na sua área? 

‘Notas sobre Camp’ é um ensaio da Susan Sontag que explica o conceito de “camp” e acho que é um ótimo conceito para se ter em design quando projetamos coisas que não precisam ser esteticamente consideradas “perfeitas” ou levadas tão a sério, é uma forma muito interessante de pensar dentro do design.

“A questão fundamental do Camp é destronar o sério. O Camp é jocoso, anti-sério. Mais precisamente, o Camp envolve uma nova e mais complexa relação com o "sério". Pode-se ser sério a respeito do frívolo, e frívolo a respeito do sério.”

Você foi estudante da escola. Pode contar um pouco da sua experiência ou algo que você mais curtiu?

Fiz a aula de Estratégia de Produtos Digitais com o Renato Mendes e foi uma experiência que contribuiu muito para enxergar a estratégia como algo mais acessível e que não precisa estar distante do nosso dia a dia. Foi interessante entender a importância de reconhecer nossa assinatura criativa e perceber quais são nossas referências externas, para que no ambiente corporativo os pensamentos sejam mais interessantes e inteligentes. Notar que estamos o tempo todo exercitando o pensamento estratégico mesmo sem perceber abre um campo enorme de possibilidades.

Acompanhe Iryna Leblon no Instagram e acesse seu site.

Aproveite para ler outras entrevistas:

Pedro Cormann, Co-fundador do Unflat Studio e Diretor de Arte.

Manuela Paiva, Diretora de Arte e Designer.

Lipe Maria, Antidesigner, Artista Multimídia e 3D Designer.

Renato Mendes, professor do curso de Estratégia de Produtos Digitais.