Aprender Design

1 de jul de 2025

Perguntas, Respostas: Lipe Maria

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Escola

Quem são os alunos e professores que fazem parte da Aprender Design? Na série “Perguntas, Respostas”, buscamos apresentar as trajetórias e as referências criativas de pessoas que formam a nossa comunidade. 

Conheça Lipe Maria, Antidesigner, Artista Multimídia e 3D Designer.

Oi, Lipe! Pode começar nos contando algo que você acredita que te define bem para quem não te conhece? Uma característica, um hobby, uma frase…


Olá, sou Alifa Maria, algumas pessoas me conhecem como Lipe Maria também. Alifa era para ser meu nome secreto, mas as pessoas foram descobrindo e eu não tive mais como esconder kkkk (não tenho problema em me chamarem de Lipe ou Alifa, tanto faz para mim.)

Acho que se eu fosse perguntar para alguém algo único meu, o antidesign seria uma dessas coisas, muito porque é a minha pesquisa dentro da área criativa, mas também o que me guia como pessoa e artista.

Pode me contar um pouco da sua trajetória no design?

O design, para mim, surgiu muito de uma necessidade de trabalhar com a área criativa, eu adoro contar para as pessoas que eu comecei na administração (no ensino médio) porque eu sonhava em cursar publicidade e na cidade onde eu morava, esse era o curso mais próximo que tinha da publicidade, só que nesse percurso eu estudei marketing e foi o fim do tempos, muito porque o marketing estava atrelado a esse consumo desenfreado e a necessidade de criar desejo nas pessoas, mas também por que eu real não tinha me encontrado no cerne da publicidade. Nesse percurso eu encontro o design e acaba sendo a possibilidade que eu tinha de estar minimamente dentro das artes (o que era meu principal sonho), mudei de cidade e comecei a cursar design na Universidade Federal do Ceará, durante esse trajeto comecei meu processo de transição ao tempo em que o design bauhausiano era ensinado, ou seja, a modernidade era o que circulava dentro da academia cearense de design, e durante isso foi entendendo que eu não queria trilhar minha trajetória dentro do design moderno, eu queria entender o que eu estava fazendo enquanto artista multimídia e qual a relação do design com isso, foi daí que o antidesign se mostrou como essa ferramenta de não fazer design.

O que é design para você?

Penso bastante que o design é o antagonista da produção criativa do sul global. Questiono o porque ainda estamos utilizando um termo que não reflete um ofício criativo em países que não fundaram essa área de conhecimento. Acredito sim que o design pode ser uma ferramenta social para muitos benefícios, principalmente vendo a contemporaneidade com diversos questionamentos complexos, porém, me limito a repensar outra forma de produzir o criar. Se desvinculamos tanto do norte global ao ponto de descaracterizar essa profissão, porque utilizamos o nome, os conceitos e as práticas que nos foram impostas?

Tem algum trabalho no seu portfólio que você curtiu muito fazer e gostaria de nos contar sobre?

A zine “NA FORÇA DA FARSA” foi um trabalho que me atravessou de uma forma muito potente. Esse trabalho é uma zine realizada em curso com o Guilherme Falcão, no qual eu busco entender quais imagens eram reproduzidas de travestis na década de 80 e 90 até o início dos anos 2000, pela tv nacional. Com isso, eu montei um observatório dessas imagens, buscando criar um laço entre o que existiu e o que já está posto. Juntando tudo isso, eu construí essa zine que dialoga com o tempo, olhando para o passado, presente e futuro, em uma perspectiva de confusão temporal de anos e de conteúdo. Esse trabalho foi bastante especial, porque eu pude fazer todo esse processo de pesquisa e criar a partir do que eu mesma gostaria de materializar e toda a importância de trazer minhas outras referências para essa conversa sobre travestilidades e mulheridades.

Pode compartilhar com a gente alguma referência ou algo que você curta muito na sua área? 

Poder pesquisar sobre antidesign me deu uma abertura gigante para me referenciar em outras coisas e entender o antidesign como área de trabalho também. Nisso eu me referenciei em diversas outras manas com Paula Trojany (@_trojany), Ella Monstra (@monstrava), Iryna Leblon (@irynaleblon) e Princesa Trindade (@meupropriofanclube).

Posso falar claramente que a KUYA - Centro de Design do Ceará é um grande referencial do design feito no Brasil, é um espaço que traça discussões importantíssimas para o fazer design e para quem estamos fazendo. A KUYA tem um fator cultural gigantesco para como olhamos para o Ceará enquanto um potencializador de designers emergentes, entendendo que o fazer design não está apenas no Sudeste do país. Sou muito grata de estar na equipe desse equipamento cultural tão importante para o Brasil.

Você foi estudante da escola. Pode contar um pouco da sua experiência ou algo que você mais curtiu?

Sempre sonhei estar na Aprender Design, e participar do curso Decodificando Identidades com a Giulia Fagundes foi como ganhar o melhor presente do mundo. Durante meu processo de graduação, tive que encontrar em outros lugares um espaço para que eu pudesse trazer uma nova visão sobre o mundo criativo, e durante esse curso a aprender design foi esse lugar de abertura para diversas discussões, ver a Giulia falando sobre o antidesign enquanto um momento da história da arte e do design, foi de arrepiar, eu jamais imaginaria olharmos para esse movimento enquanto parte desse fazer design. Foi genial.

Projeto Trópico.

Acompanhe Lipe Maria no Instagram e no Linkedin.

Aproveite para ler outras entrevistas:

Rafaela de Prada, Diretora de Arte e Designer.

Paula Brito, Sênior Designer na Work & Co.

Danielly Caetano, Designer Gráfica na Oliver LATAM e aluna da escola.

Lucas D'Ascenção, Designer gráfico, Diretor de Arte, Ilustrador e aluno da escola.

Renato Mendes, professor do curso de Estratégia de Produtos Digitais.