Aprender Design

19 de abr de 2024

Perguntas, Respostas: Álvaro Roberto de Lara

Bia Varanis

Head de Conteúdo

Quem são os alunos e professores que fazem parte da Aprender Design? Na série “Perguntas, Respostas”, buscamos apresentar as trajetórias e as referências criativas de pessoas que formam a nossa comunidade. 

Conheça Álvaro Roberto de Lara, arquiteto, designer gráfico no estúdio Alles Blau e aluno da escola.

Oi, Álvaro! Pode começar nos contando algo que você acredita que te define bem para quem não te conhece? Uma característica, um hobby, uma frase…

Ah eu diria que sou uma pessoa tímida e bem-humorada.

Também sou muito curioso e quando me interesso por algo, me interesso de verdade, até ficar um pouco obcecado. O meu processo no design é uma loucura, quase sempre estou fazendo umas 3 coisas ao mesmo tempo.

Passo muito tempo em arquivos e acervos de direito autoral livre, catalogando e costurando ideias, inclusive, isso me fez pensar que eu passo muito mais tempo pesquisando do que de fato produzindo uma colagem. 

Pode me contar um pouco da sua trajetória no design?

Ganhei meu computador com 13 anos e passei muito tempo aprendendo a usar o photoshop, montando composições com artistas que eu gostava.

Formei-me em arquitetura no interior do Paraná e depois fui trabalhar como arquiteto num estúdio em outra cidade no oeste do paraná. Nessa época eu cuidava de tratamento de imagens, renders, apresentações, diagramação e amava tudo o que era mais artístico.

Na pandemia precisei me virar pra ter uma renda, já trabalhava com colagens, então organizei uma oficina online para arquitetos e/ou estudantes de arquitetura, para ajudar na representação de projetos.

Em paralelo estava rolando vários cursos de curta duração, comecei a me inscrever em bolsas e sendo chamado, inclusive uma dessas bolsas foi do curso Decodificando Identidades.


Até que comecei a oferecer trabalhos aos meus amigos e alguns freelas começaram a aparecer até eu entrar na Ayra Comunicação, o estúdio de uma amiga. Ao mesmo tempo comecei uma pós em design gráfico e a cidade, na Escola da Cidade e também comecei a integrar a FIO, uma equipe multidisciplinar de arquitetos que atuam junto ao MSTC - Movimento Sem Teto do Centro.

Depois disso passei pelo Estúdio Cru no Rio de Janeiro, Inhotim em Brumadinho - MG e atualmente trabalho como designer independente e faço parte da equipe de designers do estúdio Alles Blau em São Paulo.

O que é design para você?

Acho essa pergunta tão difícil de responder. Nesse momento, é meu trabalho. 

Eu enxergo o design como uma mediação -  começa por uma intenção, depois o fazer e finalmente entregar para o mundo. Na maior parte do tempo a gente tá projetando/idealizando/traduzindo vontades de outras pessoas.

Adoro o processo de criação, pesquisar, experimentar, recortar e colar. Minha mesa é uma bagunça e eu amo! Estar rodeado de coisas que eu gosto me ajudam nesse processo.

Tem algum trabalho no seu portfólio que você curtiu muito fazer e gostaria de nos contar sobre?

Tenho vários! O que eu mais faço são projetos de branding, mas também adoro fazer livros. Em 2022 coordenei uma pequena equipe para desenvolvermos o  livro: "Assessoria técnica popular: A prática em movimento".

Esse projeto veio de um edital de fomento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP). No livro tratamos da narrativa sobre as recentes lutas do movimento popular e da assessoria técnica, no centro da maior metrópole da América Latina. Também, ao longo da publicação, falamos sobre outros desafios decorrentes da prática da ATHIS em diferentes territórios do município de São Paulo.

O processo de editar todo o conteúdo e também organizar o projeto gráfico rendeu muito trabalho, mas todos ficamos muito felizes com o resultado.

Pode compartilhar com a gente alguma referência ou algo que você curta muito na sua área? 

Tem uma publicação independente da Lenora de Barros chamada "Umas" eu gosto demais! Quando vi pela primeira vez fiquei completamente alucinado com a agressividade desse trabalho. Pra mim foi muito inspirador. 


Eu gosto muito da mistura entre diferentes linguagens dentro da publicação. Ela misturou experimentos como foto performances e poemas visuais, dialogando poeticamente com trabalhos de diversos artistas.

Você foi aluno em 02  cursos da escola! Decodificando Identidades e Animando Marcas e Produtos. Pode contar um pouco da sua experiência com a gente?

Adorei como o Everton direcionou as aulas, principalmente com as referências de movimento, ainda estou revisitando o curso e me familiarizando com o after effects.

O Decodificando Identidades veio num momento muito importante, além de eu ter ganhado uma bolsa, ajudou a direcionar minhas intenções naquele momento. 

Aprendi métodos que fazem parte do meu processo até hoje, gostei muito da abordagem dos professores, tanto em relação ao recorte histórico quanto à realidade do mercado. Foi ótimo e faria de novo!

Pergunta bônus! Eu sempre lembro de quando conversamos e você comentou sobre como diagramar um livro se parecia com projetar um prédio (algo assim!), eu achei tão bonito! Pode falar mais sobre esse seu processo editorial em design? E as suas explorações em colagem?

Eu havia comentado que o processo de fazer um livro é muito parecido com o processo de projetar um edifício, tem a ideia que é uma espécie de fundação, entender como representar determinado conteúdo. Cada capítulo é uma partezinha desse edifício, e tem a estrutura que sustenta todas as intenções, o projeto gráfico. 

Sobre as colagens, esse ano estou tentando colocar em prática algumas publicações independentes sobre os gestos das mãos, essa tem sido a minha principal pesquisa no momento. Quero me aventurar mais através dessas representações.