Aprender Design

5 de jul de 2024

Perguntas, Respostas: Paula Brito

Bia Varanis

Head de Conteúdo

Quem são os alunos e professores que fazem parte da Aprender Design? Na série “Perguntas, Respostas”, buscamos apresentar as trajetórias e as referências criativas de pessoas que formam a nossa comunidade. 

Conheça Paula Brito, Sênior Designer no Itaú e aluna da escola.

Oi, Paula! Pode começar nos contando algo que você acredita que te define bem para quem não te conhece? Uma característica, um hobby, uma frase…

Me chamo Paula, tenho 24 anos, nascida e criada no Rio de Janeiro. Ser curiosa é o que me mantém conectada às coisas à minha volta, e acredito que tenha sido um dos principais motivos que escolhi pra seguir a carreira de design. Tenho uma paixão por me aprofundar em assuntos novos, explorá-los e compartilhar conhecimento com outras pessoas. Ser observadora também me permite enxergar o mundo por diversas perspectivas, buscando inspiração em cada detalhe ao meu redor.

Desde os jogos que jogo até os livros que leio, ou inúmeras músicas que usei pra me inspirar, encontro fontes de criatividade em uma infinidade de pequenas coisas. Essas inspirações se manifestam de várias formas, seja através do design, ilustrações, da fotografia e outras formas de expressão. Captar o mundo ao meu redor é sempre uma oportunidade pra criar algo diverso e significativo. Além disso, como designer com deficiência, enfrento inúmeros desafios na minha carreira, a qual comecei há sete anos atrás. Essas barreiras me ensinam a perseverar e continuar criando.

Pode me contar um pouco da sua trajetória no design?

Minha carreira em design começou aos 16 anos, quando desenhei a identidade visual de um pequeno restaurante da cidade onde eu nasci no Rio de Janeiro. Sempre gostei de tecnologia, e me sentia livre ao abrir o computador, celular ou video game. Eu podia ser e criar o que quisesse. Me aventurava desde muito cedo com design, mesmo sem saber que se nomeava assim. Criei pôsteres pros meus artistas favoritos, ilustrações, e codei um pequeno blog pra postar o que eu criava. Design sempre fez parte de quem eu sou, como me expresso e enxergo o mundo.

Em 2018, estudei Design Gráfico na UNICSUL-SP, e no mesmo período, também fiz um curso presencial complementar que explorava áreas além do gráfico, como 3D e Games. 


Mergulhei em digital nessa época, e coincidentemente, fui premiada por um projeto desenvolvido durante esse curso adicional, o que me fez perceber que era naturalmente o meu caminho. Minha família sempre me ajudou, mas também precisei freelar para conseguir pagar meus estudos. Essa época foi cheia de incertezas, mas a vontade em fazer do design a minha carreira me fez persistir.

Em 2020, o trabalho remoto impactou de várias maneiras a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de tecnologia. Não foi diferente comigo, ao conseguir meu primeiro emprego de carteira assinada na startup Descomplica, maior plataforma de ensino do Brasil. Os projetos que participei giravam em torno de duas unidades de negócio, com a Faculdade e Pós Graduação. Desenhei experiências que impactaram mais de 40.000 estudantes, e continuam no ar até hoje. Posso dizer que estive ao lado de pessoas que marcaram positivamente o início da minha carreira e da vida, em especial ao ter conhecido minha incrível noiva Gabriela de Moraes, também designer.

Ao final de 2021, abracei a oportunidade de trabalhar na agência Work & Co, reconhecida globalmente por sua excelência em design digital. A transição de uma startup para uma agência como a Work & Co foi fundamental para a evolução do meu senso de design. Sinto que estou em constante aprendizado, enfrentando desafios que vão desde a resolução de conceitos complexos até a construção de grandes bibliotecas de produtos do zero. Nos últimos dois anos e seis meses, tive o privilégio de trabalhar com grandes clientes, como Google, Pfizer, Ambev, entre outros, até mesmo de ser entrevistada pela Forbes, a mídia de negócios mais conceituadas do mundo, falando um pouco sobre Design Inclusivo.

O que é design para você?

Acho que essa pergunta se aplica em diferentes perspectivas. Posso responder falando com a lente de design centrado no usuário, mas acredito ser mais impactante do que isso. Olha pro device que você usa pra ler esse artigo agora, as moradias chamativas da sua cidade, ou aquela panela antiga da sua avó, cujo conforto transcende o tempo. Isso é design. Moldado pela experiência e pelo desejo de funcionalidade. O design é essa forma organizada de transformar ideias em experiências humanas, sendo elas digitais ou não, atemporal. Também é o ato de criar, forma de arte e expressão. Escolhi design por ser o que tangibiliza tudo isso, e o fato de ter escolhido a carreira de digital, não me limita a pensar em design como uma coisa só.

Tem algum trabalho no seu portfólio que você curtiu muito fazer e gostaria de nos contar sobre?

Tem sido incrível participar de projetos para grandes clientes, e em especial, com Vista, a maior empresa de impressão de cartões de visita, pôsteres, banners, convites— e qualquer produto promocional que você possa imaginar.

Participei desse projeto em 2022, e o menciono como referência de aprendizado e evolução na minha jornada. Identificamos oportunidades para a marca restabelecer as ofertas de mercado e fornecer produtos que as ajudassem a tangibilizar momentos únicos na vida dos usuários, como Weddings e Holidays.

Através de conceitos e testes com usuários, refinamos o sistema de design existente, também desenhado pela Work & Co, permitindo que Vista integre, dimensione e ofereça novas experiências de forma rápida e eficiente. Projetei ao lado de designers brasileiros que me inspiram diariamente, Fabricio Teixeira, Rafaela Rolfsen, Fernando Paravela, Gabriela Lee e Richard Rodrigues.

Pode compartilhar com a gente alguma referência ou algo que você curta muito na sua área? 

Recentemente ganhei um livro do meu atual mentor e professor do curso Base, Edgard Kozlowski, titulado Design(h)ers: A Celebration Of Women In Design Today. É um livro inspirador e cheio de referências belíssimas, que me fez refletir sobre o papel da inclusão e de lideranças diversas como pilar em design, uma das coisas na qual mais acredito. É um livro pra ter sempre por perto.

Além disso, mantenho uma extensa coleção de produtos digitais que testo em versão beta— onde o lançamento oficial ainda não ocorreu, mas os usuários podem experimentar e fornecer feedback pra implementação. A ideia de testemunhar produtos em desenvolvimento, moldados pelo incentivo e pelas ideias das pessoas que usam, é fascinante pra mim. Isso me remete ao momento em que vi o lançamento do Arc, da The Browser Company, em sua versão beta há quase dois anos atrás. É legal vê-los evoluir, e pessoalmente ganhou minha atenção. Considero ser um dos produtos, que começaram em beta, mais robustos que já vi. A abordagem informal e dinâmica do Arc é de sempre se manterem atualizados e próximos dos usuários. Além disso, recentemente lançaram Arc Max, a coletânea de funcionalidades do Arc que utiliza IA, que já virou uma ferramenta diária pra mim.

Você foi aluna em 05 cursos da escola! Uau! Conta um pouco da sua experiência com a gente?

A Aprender Design possui uma dinâmica que, pessoalmente, combina com minha forma de aprender. O contato direto com os professores me motivou a debater e praticar os materiais que foram fornecidos logo de cara, para além de alguns professores da escola terem se tornado colegas de trabalho depois de alguns anos fazendo cursos. Meu primeiro curso foi com a Iana Alves, na turma número um do Criando Interfaces Acessíveis. As primeiras aulas eram suficientes para conseguir aplicar o conhecimento no meu dia a dia.

Não posso deixar de mencionar que sempre me foi fornecida a bolsa de estudos por ser PcD, e acredito que o ensino acessível oferecido à estudantes de grupos sub representados como eu, e de mais de 400 outros estudantes que atuam ou estão migrando para carreira de design e tecnologia, sustenta a equidade que o mercado precisa.

Muitas pessoas estão em busca de migrar para o design de produtos. O que você diria pra quem está começando?

Se eu pudesse compartilhar uma informação atual com meu eu do passado, seria essa: não há uma fórmula única de fazer design. Em vez de procurar por um manual pronto, devemos cultivar nossa voz criativa e a multiplicidade de abordagens que o design oferece. De júnior à liderança, vejo que temos o papel de aprimorar e criar novas maneiras de execução. Assim como não se conserta uma motocicleta da mesma forma que um carro, mesmo que ambos sejam veículos, design exige essa flexibilidade para se adaptar a cada projeto de uma forma diferente. É esse eterno 'e se' que impulsiona nossa evolução.

Acompanhe a Paula no Linkedin.

Aproveite para ler a edição de "Perguntas, Respostas", com Danielly Caetano, Designer Gráfica na Oliver LATAM e aluna da escola, ou com o Lucas D'Ascenção, Designer gráfico, Diretor de Arte, Ilustrador e aluno da escola.