Aprender Design

10 de nov de 2025

Perguntas, Respostas: Rayane Martins x Giulia Fagundes e Diego Garcia

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Escola

Qual é a perspectiva dos professores que ensinam a criar?

Rayane Martins, Designer, Ilustradora e aluna do curso Decodificando Identidades conversou com Giulia Fagundes e Diego Garcia, seus professores, sobre a troca em sala de aula e o que eles também aprendem com os alunos.

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Escute enquanto lê — entrevista também disponível em áudio:

Linha do tempo — História da Arte e do Design

Oi, Giulia e Diego! Podem começar nos contando se já tiveram alunos de áreas diferentes de design? E sentiram que eles se deram bem o curso? Como foi esse processo?

Diego: Sim, então, nessa última turma a gente teve uma aluna muito querida, que era de arquitetura e urbanismo, então geralmente entram alguns outros alunos que não são formados em design e a gente gosta bastante, por isso que a gente costuma apresentar desde o início, desde a base do design, falar um pouco da história da arte, de introdução da história do design, para contextualizar também esses alunos do que é a profissão.

Giulia: Eu acho interessante porque esse é um curso que funciona tanto pra quem é designer e já tá inserido na área e também pra quem não é, porque no final a gente tem várias atividades em grupo, então se você não é designer, a pessoa acaba conseguindo se complementar e com quem é, sabe? Vai somando onde for possível.

Diego: Até porque o curso não foca só na execução da identidade visual, né? Mas a gente foca também na análise, na formação do pensamento crítico e conceitualização de uma identidade. E aí isso envolve a etapa de pesquisa, geração de moodboard e metodologia de projeto. Então tudo isso é muito interessante, independente da área que a pessoa venha, né?

Referências visuais diversas não-eurocentristas

Que tipo de background o aluno precisa ou não precisa ter para acompanhar bem o curso?

Giulia: Eu acho que, na verdade, o aluno não precisa ter. Eu acho que a partir do momento que ele tem interesse por design e por criatividade, é um curso legal, porque a gente dá uma introdução sobre a história do design e sobre a história da arte, de certa forma. Se a pessoa talvez não mexe tanto nos aplicativos, em programa de vetor, possivelmente vai ter alguém no grupo dela depois que vai acabar mexendo. Então, acho que isso também é um ponto importante.

Diego: E, obviamente, quem tem um background de design vai poder enriquecer ainda mais esse background, porque a gente costuma trazer muitas referências à proposta, tanto minha quanto da Giulia, de reformulação do curso que aconteceu a partir dessa última turma. A gente costuma trazer muitas referências de design e de movimentos artísticos fora do eixo Europa-Norte-América. Então, acho que isso acaba sendo muito interessante também para qualquer um que está ali querendo enriquecer o seu repertório.

Trabalho Final da última edição do curso — Playlist Bronca

Qual é o momento que vocês mais curtem durante o curso? Quando vocês explicam, veem o projeto final, quando trocam ideia com os alunos?

Giulia: Eu acho que a parte que eu mais gosto é quando a gente pode conversar com os alunos, sabe? A gente apresenta um projeto, ou deu a aula e a gente deixa um tempo ali no final pra gente ouvir os alunos, suas dúvidas e comentários. Ou às vezes eles mesmos acabam ensinando coisas pra gente, o que é muito legal, então acho que é a minha parte preferida. Tanto é que eu sempre fico triste quando as pessoas entram e estão meio tímidos, eu falo: "gente, vamos! Oi, oi, vamos lá, vamos lá".

Diego: Eu gosto bastante também, geralmente, a primeira atividade que a gente pede para os alunos montarem é o moodboard com referências pessoais deles. E é sempre um momento que eu me emociono, porque a gente sempre se identifica com alguma referência, alguma vivência em comum. Alguns alunos colocam capa de álbuns que eles gostam, apreciam tanto pela música quanto pelo design. Então é um momento ali que a gente acaba se aproximando através da atividade e pra mim é uma das partes mais gostosas do curso. E obviamente, mais duas partes que valem citar: primeiro os convidados, porque é sempre também uma experiência legal quando o convidado de fora que a gente traz conta da experiência dele, a gente vê como isso acaba inspirando os alunos. Então essa parte também é muito legal.

E por último, obviamente, é a apresentação da atividade final, do trabalho de conclusão no curso, que é sempre uma identidade visual. Cada grupo recebe um briefing diferente para fazer uma atividade. E é legal porque os alunos sempre surpreendem a gente, então a gente vê caminhos diferentes para diferentes identidades. Às vezes um grupo que pegou o briefing nessa turma vai interpretar de uma forma totalmente diferente do que os alunos da turma anterior, então é sempre surpreendente.

Giulia: Ah, acho que só uma adicional sobre os convidados. É muito legal, porque a cada turma a gente tem convidados diferentes. Então, pra gente também é sempre uma novidade, sabe? É muito rico esse momento porque a gente gosta de ver como os alunos também reagem aos convidados. Acho que essa troca é sempre muito positiva.

Ray: Meu, deixa eu até comentar que vocês falaram dos convidados. Vocês terem trazido a Rafaela Pinah, assim, mudou a minha vida, tá?

Projeto "Feita de Samba" Por Giulia Fagundes e Diego Garcia

Que tipo de aluno vocês mais sonham em ver chegando no curso?

Diego: É, não sei se tem um padrão de aluno específico, um tipo de aluno, mas é inegável que a gente sempre fica muito feliz quando a gente vê uma turma com bastante pessoas de grupos sub-representados. Então, isso deixa a gente bem feliz, porque eu acho que o design é uma área, uma profissão, um setor de difícil acesso. Exige que a gente tenha equipamentos, às vezes conhecimentos que não são fáceis de adquirir. Cada vez mais que a gente vê pessoas próximas a nós, similares a gente, entrando no curso, pessoas periféricas, pessoas pretas, pessoas indígenas, pessoas trans, participando da aula com a gente, é muito inspirador, porque são justamente essas pessoas que a gente quer conseguir ver, cada vez mais, ocupando posições de destaque dentro da nossa área de trabalho.

Giulia: E eu acho que o curso acaba indo também um pouco nesse caminho no sentido de que muitas das atividades que a gente faz, muito do que a gente traz no final é sobre como a gente acaba incluindo no próprio trabalho a nossa própria vivência. Então, acho que é muito legal quando a gente consegue ver os alunos percebendo isso. Trazendo o disco preferido deles, falando sobre coisas da vida deles que no final vai acabar ressoando lá na atividade final, sabe?

Diego: E acho que assim, não tem como negar, no final o design é político. Então, principalmente a gente, tanto eu quanto a Giulia, a gente traz muito essa percepção do design. Eu falo por mim que quando eu comecei a trabalhar na área, eu tentava apagar de alguma forma as minhas existências, porque eu achava que aquilo não cabia dentro da visão de design e do padrão dos designers que a gente reconhece no mercado. Mas muito começou a dar certo quando eu passei a me reconhecer, reconhecer minha história e ver que isso tinha potencial de virar insight dentro dos projetos. Então, a gente sempre tenta inspirar os alunos que a vivência deles importa e que não existe um jeito ideal de se fazer design.

Existem várias formas, várias metodologias e várias referências e inspirações diferentes. E quanto mais diverso for o que a gente traz para a mesa, maior a chance da gente triunfar em algo autêntico.

Trabalho Final da última edição do curso — Playlist Yas

E por último: qual é a maior mudança que vocês percebem nos alunos do início para o final das aulas?

Giulia: Acho que a mudança que eu mais fico feliz de ver é quando os alunos conseguem essa percepção da importância da vivência deles fora do design e o quanto é possível eles trazerem um pouco disso pra criação e pra essa "autoestima" dentro do trabalho. Quando eu vejo que o aluno entendeu isso e fez sentido pra ele, eu fico muito feliz.

Diego: Complementando a Giu, eu acho muito massa. Nessa última turma, a gente até recebeu um feedback de uma aluna que falou que o curso inspirou ela demais a voltar a fazer os projetos pessoais dela, a entender que isso tinha valor e que ela podia também construir portfólio com projetos pessoais. Então, esse tipo de retorno é muito gratificante para a gente. Eu acho que se a gente puder provocar algum tipo de mudança, é essa, da pessoa acreditar nela mesmo e ver que o design é para todo mundo.

Rayane Martins @comadrecarnica

Review completo do curso por Rayane Martins (comadre cárnica) disponível no Substack

Designer gráfica e criadora de conteúdo, Rayane se destaca em apresentações, social media e comunicação corporativa. Tem experiência com identidade visual, design editorial e está sempre explorando curadoria de tendências pra manter meu trabalho atual e relevante.

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